

Pesquisa e formação
Sobre a espetacularidade “contemporâneo-brasileira”
Ao organizarmos teoricamente um pensamento ou uma poética somos reféns das palavras. Mais que isso, ao simplesmente expor ideias, temos que buscar meios de expressá-las pelas palavras, coisa que nem sempre se faz facilmente. Neste sentido, tentar construir com palavras uma “tradução” do que aqui se propõe como poética para a cena torna-se um desafio. Afinal, por contemporâneo pode-se entender muitas formas expressivas e também muitas possiblidades de organização em Dança ou Teatro, inclusive borrando as fronteiras entre ambos.
Da mesma forma, ao colocarmos em evidência uma produção como sendo brasileira, nos vem à mente antes de tudo algo que é feito no Brasil, não importando o quanto esta criação se identifica ou não com aspectos identitários de “brasilidade”, e considerando inclusive a amplitude de aspectos culturais de uma nação múltipla como o Brasil.
Portanto, a proposição do termo “contemporâneo-brasileira” vem pela necessidade de traduzir a possibilidade de construções poéticas para a cena que tenham como qualidade intrínseca tanto um olhar contemporâneo para a arte e para o papel do artista, quanto para aspectos artísticos, culturais e socioantropológicos, advindo das culturas populares tradicionais brasileiras. Uma abordagem que não se constrói apenas pela justaposição destas perspectivas, mas sim pelo entrelaçar das mesmas, em forma de trocas intensas. Não se trata de simples “copiar e colar” de aspectos estéticos, como elemento ilustrativo da cena, mas de um pensar contemporaneamente a cena e seu processo criativo a partir das iluminações surgidas do universo cultural brasileiro que se deseje pesquisar.
Desta forma, algumas premissas na pesquisa de linguagem do Pé de Zamba são fundamentais: a relação intrínseca de linguagens artísticas – dança, música ao vivo, teatro físico e o elemento plástico – a partir do corpo em movimento; o desenvolvimento do corpo consciente como forma de abarcar as proposições estéticas para a cena e também para a pesquisa de campo; a disponibilidade para o improviso enquanto elemento fundamental na da relação presencial com o público e com o espaço; a pesquisa de campo e o aprofundamento teórico em torno dos temas propostos para a pesquisa criativa; a clareza em torno das matrizes étnicas brasileiras e do quanto elas estão presentes em nosso “ser brasileiro” contemporâneo.
Estas diretrizes, em contínua experimentação, fundamentam as trilhas do Núcleo Pé de Zamba, nas diferentes Artes da Cena, alimentando seu percurso criador e fortalecendo seu perfil de coletivo envolvido com a democratização da arte e com valorização da diversidade cultural, fonte inesgotável de saberes num país como o Brasil.
Formação
Ao longo de sua trajetória o Núcleo Pé de Zamba tem atuado fortemente junto a ações ligadas à formação de público para a Dança Contemporânea, seja através de apresentações descentralizadas nas diferentes regiões da cidade de São Paulo, seja através de proposições de pesquisa e reflexão em torno da Dança. Tendo como referência principal de pesquisa as culturas tradicionais brasileiras, dedica-se a visibilizá-las, iluminando os múltiplos aspectos que envolvem uma cultura e cultivando o debate sobre o quanto sabemos sobre o que somos enquanto brasileiros, e sobre o quanto a Dança praticada no Brasil da conta de se conectar com nossas culturas.
Desta forma, tem integrado debates e coletivos, como o Fórum de Danças Contemporâneas, Corporalidades Plurais (2015-2019), e proposto atividades abertas a todo o público, onde fruição, vivência e reflexão caminham juntas, e complementam o processo contínuo de pesquisa sobre a Espetacularidade Contemporâneo-Brasileira, com maior ênfase nas questões da dança. Consideramos que essas atividades têm caráter formativo, e se configuram através de seminários, palestras, debates, bate-papos após apresentações dos espetáculos e vivências de diferentes formatos, destinadas a profissionais das artes, professores ou interessados em geral.

Eventos realizados



Seminário “Tradição e Contemporaneidade na criação em Dança: discutindo ética, construindo poéticas”.
Ao longo de sua trajetória o Núcleo Pé de Zamba tem atuado fortemente junto a ações ligadas à formação de público para a Dança Contemporânea, seja através de apresentações descentralizadas nas diferentes regiões da cidade de São Paulo, seja através de proposições de pesquisa e reflexão em torno da Dança. Tendo como referência principal de pesquisa as culturas tradicionais brasileiras, dedica-se a visibilizá-las, iluminando os múltiplos aspectos que envolvem uma cultura e cultivando o debate sobre o quanto sabemos sobre o que somos enquanto brasileiros, e sobre o quanto a Dança praticada no Brasil da conta de se conectar com nossas culturas.
Desta forma, tem integrado debates e coletivos, como o Fórum de Danças Contemporâneas, Corporalidades Plurais (2015-2019), e proposto atividades abertas a todo o público, onde fruição, vivência e reflexão caminham juntas, e complementam o processo contínuo de pesquisa sobre a Espetacularidade Contemporâneo-Brasileira, com maior ênfase nas questões da dança. Consideramos que essas atividades têm caráter formativo, e se configuram através de seminários, palestras, debates, bate-papos após apresentações dos espetáculos e vivências de diferentes formatos, destinadas a profissionais das artes, professores ou interessados em geral.



Seminário Dança Contemporânea, Olhares Plurais
Realizado em julho de 2019, na Galeria Olido, São Paulo, o Seminário cultivou a reflexão sobre as diferentes possibilidades estéticas e temáticas de criação em dança contemporânea na atualidade, reunindo atividades teóricas e práticas abertas ao público, durante três dias.
Para compor a programação, o Núcleo Pé de Zamba convidou artistas e pesquisadores da cidade de São Paulo e de fora do Estado, centrando as atividades em dois grandes eixos: a interface entre tradição em contemporaneidade na criação em dança e o olhar descolonizador para as práticas e temáticas em dança. Entre os convidados estiveram o Frei Chico, pesquisador das culturas tradicionais do Vale do Jequitinhonha, as profas Dras. Renata Lima, da UFG e Eloisa Domenici, da UFSB, e o artistas da Dança Ivan Bernardelli e a artista da Dança Gal Martins.